Temas que para muitas pessoas ainda podem ser considerados polêmicos ou, até, tabu, têm espaço para debate no Congresso Nacional da Juventude Evangélica (Congrenaje), que...

Temas que para muitas pessoas ainda podem ser considerados polêmicos ou, até, tabu, têm espaço para debate no Congresso Nacional da Juventude Evangélica (Congrenaje), que ocorre desde o dia 22 de julho e segue até dia 27 em Teutônia. Violência doméstica, direitos humanos, justiça de gênero, inclusão LGBT+, direito à expressão, liberdade religiosa, direitos da mulher, os desafios de ser igreja, entre inúmeros outros, estão sendo debatidos durante os painéis e oficinas, bem como nas tendas localizadas entre o ginásio e o pavilhão da Associação dos Funcionários da Cooperativa Languiru, local que sedia o maior evento voltado a jovens da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).

Um dos espaços que propõe a reflexão e o debate é a exposição “Nem Tão Doce Lar – Violência Doméstica: as provas estão aqui”, organizada pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e que, no Congrenaje, conta com o apoio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Teutônia, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Casa Mental e Coletivo Tônias. A exposição mostra, num primeiro olhar, simples móveis e objetos de uma casa. Ao se aproximar, tornam-se evidentes as diversas facetas da violência doméstica, como violência ao idoso, violência sexual, entre outros.

Conforme o assessor de Projetos da FLD, Rogério Aguiar, a exposição “Nem Tão Doce Lar – Violência Doméstica: as provas estão aqui” é um espaço interativo e itinerante. “Itinerante porque ela já passou por mais de 60 municípios. Interativa porque as pessoas podem interagir, podem propor mudanças. A gente reproduz a réplica de uma casa, onde acontece a maioria dos casos de violência familiar. É um assunto pouco falado, que as pessoas tentam varrer para debaixo do tapete”, explica.

A exposição visa desmitificar a ideia de que violência doméstica é uma questão privada. “Na verdade, isto é questão de saúde pública e que não só diz respeito, mas também às organizações governamentais, da sociedade civil, dos coletivos, das igrejas. Por isso desenvolvemos este projeto desde 2006, ano em que foi promulgada a Lei Maria da Penha. Antes de montar a exposição, oferecemos uma formação de oito horas sobre a temática com as pessoas que trabalham no acolhimento das vítimas de violência doméstica, como CRAS, CREAS e Coletivo Tônias”, frisa.

As Faculdades EST, de São Leopoldo, além de mostrarem os seus cursos, da mesma forma estão oferecendo diversas oficinas que debatem e propõe a reflexão de temas contemporâneos, entre eles, as questões de gênero. A instituição ainda está oferecendo oficinas de liturgia, espiritualidade e oração, entre outras. Os estudantes das Faculdades EST também estão responsáveis pela transmissão ao vivo, nas redes sociais e site da Juventude Evangélica, das principais atividades do Congrenaje.

As oficinas que tratam da justiça de gênero visam despertar, nos jovens, a consciência de que eles podem ser o papel transformador da realidade, em que gênero muitas vezes é considerado um tabu. “Queremos mostrar que a EST é parte de uma igreja e que estamos aqui para trabalhar questões justas, como a justiça de gênero. A gente propõe a reflexão de como vemos gênero ao nosso redor e o que isso tem a ver com vida digna”, frisa a professora Márcia Blasi.

O Coletivo Inclusão Luterana também está presente no Congrenaje. Ele é integrado por luteranos que anseiam uma postura mais inclusiva das igrejas luteranas brasileiras em relação aos LGBT+ e, como grupo, busca o diálogo sobre uma nova compreensão acerca de gênero, identidade e expressão de gênero, e orientação afetivo-sexual nas comunidades luteranas. “Neste espaço, no Congrenaje, queremos mostrar a nossa missão, quais são os nossos valores, qual a nossa visão para uma comunidade inclusiva e que acolhe pessoas LGBT+. Buscamos com que as comunidades caminhem para um futuro sem preconceito”, coloca o cofundador do Coletivo, Pedro Petersen.

O Coletivo Inclusão Luterana foi criado em 2014, logo após uma oficina no Congrenaje realizado em Rondônia, quando dois homoafetivos foram vítimas de homofobia por parte de um dos participantes. “Estas duas pessoas decidiram criar um espaço de acolhimento e de debate sobre a LGBTfobia nos espaços religiosos, em especial nas igrejas luteranas. Com base nisso, começamos a pesquisar outras igrejas luteranas e não luteranas de todo mundo que acolhem pessoas LGBT+ e que as incluem nas celebrações cotidianas”, expõe Petersen.

Também participam do evento com seus produtos, serviços e oficinas o Centro de Apoio e Promoção à Agroecologia (Capa), Legião Evangélica Luterana (Lelut), Editora Sinodal, Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase), Associação Beneficente Pella Bethânia, entre outros.

Texto:  Édson Luís Schaeffer
Foto:  Édson Luís Schaeffer/divulgação

Data de publicação: 24/07/2018