O uso de energias renováveis e a preocupação com a contaminação causada pelos dejetos animais têm pautado, constantemente, as reuniões do Conselho Municipal de Meio...

O uso de energias renováveis e a preocupação com a contaminação causada pelos dejetos animais têm pautado, constantemente, as reuniões do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Teutônia. Em virtude disso, o conselho oportunizou aos representantes de cooperativas, secretarias de Meio Ambiente de municípios vizinhos, licenciadores ambientais e demais interessados vinculados à área ambiental uma palestra sobre o uso de biodigestores para a geração de energia.

O encontro foi realizado na sede do Sínodo Vale do Taquari e reuniu cerca de 40 participantes. A palestra foi ministrada pelo engenheiro civil, especialista em Segurança do Trabalho e Meio Ambiente e diretor da empresa Projeconsult Engenharia, Carlos Júlio Lautert, de Porto Alegre, mas que tem laços familiares em Teutônia.

Lautert iniciou sua fala explicando o que é o biogás. “Trata-se de um biocombustível proveniente de materiais orgânicos, a biomassa, e, portanto, é uma fonte alternativa de energia limpa e renovável, que substitui o uso de combustíveis fósseis. Ele é produzido através da fermentação anaeróbica de bactérias presentes na biomassa”, explanou.

O engenheiro observou que a questão do biogás ainda não é tão difundida no Brasil. “A degradação dos dejetos animais para transformar em energia elétrica e utilizá-la nas propriedades rurais, promovendo a autossustentabilidade, já ocorre há tempo em países da Europa. No Brasil, o biogás vem sendo falado há muito tempo, mas não adotamos ações em cima dele, por mais que essas soluções não sejam complexas”, comentou.

Lautert ainda apresentou números sobre o sistema. Como exemplo, ele citou uma unidade produtora de leitões (UPL) com 5 mil cabeças, que é capaz de produzir 2.250 mde biogás. Com uma operação de 24 horas por dia, o biodigestor desta UPL pode gerar 869.072 kw por ano, com disponibilidade de 92,6%. Com uma tarifa de R$ 0,50, o cliente poderá ter uma receita superior a R$ 430 mil por ano.

A implantação dos biodigestores também traz economia de energia aos produtores. “Uma propriedade que tinha um custo mensal médio de R$ 11.201,05 em energia passa a ter, com a implantação dos biodigestores, um custo mensal médio de R$ 5.642,48, gerando uma economia mensal de R$ 5.642,48”, expõe Lautert.

Considerando o investimento de R$ 212.500,00 (R$ 192.500,00 o gerador e R$ 20 mil a tubulação e o abrigo), acrescidos de 3,5% de juros por ano, a implantação do sistema custaria R$ 27.492,00 anualmente. Levando em conta uma economia anual de R$ 54.827,00, o investimento no sistema de biodigestores teria um retorno de R$ 27.335,00 por ano.

O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Gilson Hollmann, enfatizou que as energias alternativas podem ser aplicadas às pequenas propriedades. “É um assunto ainda novo e polêmico, por termos pequenas propriedades. O caminho é conseguir trazer estas tecnologias para a realidade das nossas propriedades, para tratar os dejetos, transformando-os em energia renovável e, ao mesmo tempo, em fertilizante natural tratado adequadamente para o solo. O sistema dos biodigestores oportuniza isso, além de trazer economia aos produtores”, frisou.

Texto: Édson Luís Schaeffer
Foto: Édson Luís Schaeffer/divulgação

Data de publicação: 15/08/2018