1º Fórum Estadual de Bandas, Corais e Orquestras ocorre junto ao Colégio Teutônia. Debates sobre as necessidades de cada área marcaram a programação da manhã de domingo
Na manhã deste domingo, dia 14 de abril, debates marcaram o 1º Fórum Estadual de Bandas, Corais e Orquestras junto ao Colégio Teutônia, em Teutônia. Foi a oportunidade das bandas, corais e orquestras apresentarem e discutirem suas demandas. Dentre as principais dificuldades está a atração de investimento em nível de Estado, uma vez que os editais de financiamento não contemplam as principais necessidades dos três setores.
Os debates foram conduzidos pelas entidades representativas estaduais dos corais, dos músicos e das bandas, além das orquestras, que ainda não possuem associação ou organização afim. As atividades integram os objetivos do Fórum, que propõe, através da formação e o debate de ações no âmbito cultural, permitir a instrumentalização de maestros, produtores culturais e músicos para articulações de formações e captação de recursos, para que se tenha avanços no setor.
O 1º Fórum de Bandas, Corais e Orquestras ocorreu neste final de semana, dias 13 e 14 de abril, e é uma realização do Conselho Estadual de Cultura e da Prefeitura de Teutônia, através da Secretaria de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer. A promoção é do Sindicato dos Músicos do Rio Grande do Sul, Federação dos Coros do Rio Grande do Sul (Fecors) e da Associação de Bandas do Rio Grande do Sul. O apoio é da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), Fábrica do Futuro e Orquestra Villa Lobos.
Profissionalização do músico
O primeiro debate da manhã foi conduzido pelo Sindicato dos Músicos do Rio Grande do Sul. O presidente da entidade, Patrick de Almeida Acosta, falou sobre “A profissionalização do músico”. “Estamos fazendo uma campanha de valorização dos músicos no mercado em que hoje ele é desvalorizado, em função da falta de valorização dos profissionais. Uma das nossas preocupações é possibilitar a formalização, a capacitação e para que o músico se veja como músico profissional e que ele seja valorizado. Temos que evitar apresentações que sejam mostrar o seu trabalho, sem remuneração, e evitar que os músicos tenham condições precárias na execução dos trabalhos” pontuou.
Acosta salientou que a entidade tem buscado diálogos através de iniciativas como o Fórum, para discutir a importância da profissionalização da categoria. “O músico primeiro precisa se reconhecer como profissional para então buscar o reconhecimento e a valorização junto à sociedade. Existe um preconceito, pois convivemos com a famosa pergunta: ‘você é músico, mas vive de que?’. Então, muitas vezes precisamos ter duas ou três profissões para poder sustentar o trabalho, gerando uma precarização da profissão de músico”, observou.
Orquestras e suas sobrevivências
Em uma das oficinas simultâneas, o maestro Andre Munnari falou sobre as “Orquestras e suas sobrevivências”. Ele observou as dificuldades das orquestras obterem políticas públicas para a sua estruturação, tendo em vista que os editais geralmente priorizam somente o custeio de determinados eventos. “A manutenção das orquestras é bem complicada, porque o cenário atual é de projetos de lei de incentivo que fornecem subsídios apenas para um espetáculo ou evento, ou seja, uma ação pontual. O evento é apenas uma vertente, mas tem toda a parte de sustentação e manutenção que não é pensado”, advertiu.
Munnari ainda colocou que muitas dificuldades vêm pelo fato as orquestras ainda não possuírem uma entidade representativa. “Temos a carência de termos um órgão que seja responsável pela orquestras, para termos uma voz perante os órgãos públicos e representar este setor, afim de termos mais políticas públicas para as nossas orquestras”, colocou.
Bandas e suas demandas
Em outra oficina, o presidente da Associação de Bandas do Rio Grande do Sul, João Batista Airoldi Camargo, abordou o tema “Bandas e suas demandas”. Ele observou, também, as dificuldades que as bandas, em especial as escolares, possuem para obter financiamentos culturais. “A nossa categoria não tem tanto acesso a projetos de cultura, principalmente as bandas de escolas do Estado. A gente tem por forma regimental um entrave. Por isso, queremos continuar discutindo de como as bandas de escolas estaduais podem ter acesso a este recurso. Precisamos chegar a um denominador comum para fazermos algumas exigências, para que futuramente se abram editais na nossa área”, frisou.
A voz dos corais
Também em oficina, o presidente da Federação dos Coros do Rio Grande do Sul (Fecors), Severino Seger, observou os empecilhos que corais têm para obter financiamentos expressivos para suas atividades culturais. Seger lembrou que o Estado possui em torno 4.500 coros. “Somos geralmente os que menos recursos conseguimos através de editais e programas lançados pelos governos estadual e federal. Temos que ver quais são as reais necessidades dos nossos coros e de que forma podemos propor para o Governo do Estado, através do Conselho Estadual de Cultura, por exemplo, para também termos algum recurso para os nossos coros”, ressaltou.
O presidente da entidade ainda pontuou que os coros geralmente possuem mais dificuldades de ter acesso aos editais de financiamento. “Geralmente, quando são lançados os editais, eles são muitos genéricos e os demais segmentos conseguem ter mais acesso. Nós defendemos de que os corais deveriam receber um programa direcionado. Enquanto os audiovisuais, por exemplo, reclamam com R$ 500 mil, nós, corais, com R$ 10 mil fazemos chover. A nossa realidade é diferente e essa é uma luta bem antiga”, afirmou.
CRÉDITOS DO TEXTO: Édson Luís Schaeffer
Data de publicação: 14/04/2019
Créditos das Fotos: Édson Luís Schaeffer