O sistema visa melhorar as informações sobre a testagem rápida de Hepatites virais e DST, ampliando a capacidade de planejamento e proporcionando um melhor controle de estoque na rede de serviços
O Sisloglab trata-se de um sistema de logística que tem como objetivo otimizar as informações sobre a testagem rápida de Hepatites Virais e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), como o HIV, ampliando a capacidade de planejamento e proporcionando um melhor controle de estoque na rede de serviços.
A testagem rápida é um fator crucial no combate ao HIV, visto que quanto antes o paciente for diagnosticado, mais cedo poderá inicial o tratamento e ter os devidos cuidados para evitar a transmissão da doença.
Sobre o vírus HIV, o enfermeiro Maicon Pedra, que atua no setor de infectologia, responde à algumas dúvidas comuns entre a população:
O que é o HIV?
HIV é a sigla em inglês para Human Immuno-Deficiency Virus, que significa Vírus da Imunodeficiência Humana. Este vírus é o causador da AIDS, que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças, o que acaba por favorecer o enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e o aparecimento de doenças oportunistas.
Como ocorre a transmissão?
O vírus HIV é transmitido por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas, ou seja, sem o uso de preservativos, com pessoa soropositiva que já tem o vírus HIV, pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados (agulhas, alicates, etc.), no pré-natal da mãe soropositiva sem tratamento para o filho, no parto ou pela amamentação.
Quais são os sintomas?
Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa e podem até passar despercebidos por um longo período de tempo. Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da AIDS, o sistema imunológico começa a ser atacado; os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, podendo ter febre, mal-estar, lesões na cavidade oral, perda de peso, erupções na pele e garganta inflamada. O tempo em que a pessoa entrou em contato com o vírus do HIV e ainda não produziu anticorpos, chamamos de Janela Imunológica, período que leva em torno de 28 dias. Somente após esse tempo o vírus será detectado por meio de testagem rápida.
Tem tratamento para o HIV?
Ainda não há cura para o HIV, mas há sim muitos avanços científicos na área que possibilitam que a pessoa com o vírus tenha qualidade de vida. O tratamento inclui acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a realização de exames. Quando os exames indicarem a necessidade, o paciente infectado começará a tomar medicamentos antirretrovirais. Esses remédios buscam manter o HIV sob controle pelo maior tempo possível e devem ser usados diariamente.
Como prevenir?
O meio mais simples e acessível de prevenção ao HIV é o uso de preservativos masculino e feminino em todas as relações sexuais. Os preservativos são distribuídos gratuitamente em unidades de saúde e também podem ser comprados em estabelecimentos da iniciativa privada, como farmácias e supermercados.
Posso ter HIV e não ter AIDS?
Há muitas pessoas positivas para o vírus HIV que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver AIDS, podendo transmiti-lo sem saber que é portador da doença. Já os pacientes que realizam tratamento regular para o HIV, através de serviços especializados, conseguem manter os níveis do vírus controlados e na maioria dos casos indetectáveis.
Testagem rápida e exames para detectar o HIV
Todas as Unidades Básicas de Saúde têm, disponíveis para toda a população, testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites B e C gratuitamente. Os testes são seguros, sigilosos e a pessoa sai da unidade já com o resultado em mãos, pois o tempo de realização da testagem é de 30 minutos.Caso a pessoa deseje, pode procurar os Serviços Ambulatoriais Especializados (SAE), que acompanham os pacientes convivendo com HIV e outras doenças infecto-contagiosas; esses serviços também realizam testagem rápida. Na nossa região, as cidades de Lajeado e Estrela contam com esses serviços especializados. Outra forma de realizar a testagem é através de exames laboratoriais, os quais devem ser solicitados por médico durante consulta. Há também os autotestes para detectar o HIV, disponível para venda em farmácias ou pela internet, e ele próprio realiza a testagem.
Independente da forma de diagnóstico, o HIV é uma doença que precisa ser acompanhada e tratada, visto que os pacientes que não recebem tratamento estão sujeitos a muitas doenças oportunistas, provocadas pela baixa imunidade. “Caso você tenha suspeita, procure realizar a testagem”, recomenda Maicon. O enfermeiro salienta que a maior prevalência de casos novos da doença no estado do Rio Grande do Sul, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, é na população jovem; o avanço no tratamento, com reflexos na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, permitiu que o HIV passasse a ser entendido como uma doença crônica, assim como o diabetes e a hipertensão. “Se por um lado isso favorece a adesão ao tratamento e contribui para reduzir o estigma sobre a doença, por outro, a banalização do agravo também está associada ao aumento do número de casos, principalmente em jovens”, ressalta ele.
Estigma da doença prevalece até hoje
O enfermeiro Maicon Pedra lembra que, apesar de já ter sido descoberta há mais de 40 anos e ser amplamente estudada, com grandes avanços no tratamento e prevenção, algumas pessoas ainda têm noções erradas sobre a doença, fazendo com que o preconceito se mantenha. “Tentamos trabalhar diariamente para desmistificar essa doença e combater esse preconceito. Vale ressaltar que abraço, beijo, usar talheres, tomar chimarrão e aperto de mão não transmitem o HIV. Se você convive com alguém que tenha HIV ou alguém falar sobre isso com você, acolha essa pessoa e preste suporte”, orienta o profissional da saúde.
Maicon lembra ainda de outro fator importante no estado, na nossa região e no município de Teutônia: o aumento significativo nos casos de Sífilis. Trata-se de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável, causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode causar vários sintomas e ter diferentes fases. Se não tratada, a longo prazo, pode atingir órgãos vitais e levar a sequelas irreversíveis, provocando danos neurológicos e podendo causar estado vegetativo e morte. A sífilis também é detectada nos testes rápidos ou exames de laboratório. De janeiro a outubro de 2023 o município teve 85 casos da doença notificados (incluindo congênita, gestantes e população em geral). “Caso você apresente algum sintoma de Infecção Sexualmente Transmissível, procure atendimento médico”, recomenda Maicon.
Por fim, o enfermeiro reforça que o uso do preservativo continua sendo a melhor forma de prevenção, distribuídos de forma gratuita nas Unidades Básicas de Saúde, e que a realização de testagem rápida para HIV, Sífilis e Hepatites Virais deve ser rotineira, é segura, de fácil acesso e está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde. Também é fundamental que a população mantenha seu esquema vacinal em dia, aumentando o potencial de combate do organismo à doença.
Data de publicação: 01/12/2023
Créditos: Sara Ávila/Divulgação